Em discussões na internet sobre religião comparada ou perenialismo, o tema da 'reencarnação' foi sempre recorrente. Eu normalmente defendi que a posição metafísica do Guénon, independentemente de como ela fosse organizada em outros planos, era inevitavelmente verdadeira e isso invalidava absolutamente as posições ocidentais modernas. Recentemente, por contatos dentro do Dharma e por leituras diversas, eu decidi fazer realmente um estudo mais aprofundado sobre o tema e daí buscar apresentar as possíveis conclusões -- até como obrigação de auto-crítica pela abordagem um tanto dogmática que eu adotei para tratar de um tema que em si mesmo não pode ter nada de absolutamente seguro.
A questões são: o que realmente defendem os perenialistas sobre isso, e quais são as posições mais aceitas nas ortodoxias, seja do vedânta, do tantrismo ou budismo?
Portanto, vou tentar, não resolver o assunto (uma vez que a questão em si, como veremos, é extremamente complexa, nebulosa e cheia de penumbras), mas apenas fazer uma exposição boa, em português (vou traduzir todas as citações), e que ofereça dados para a reflexão justa e honesta sobre o assunto, ou seja, será mais uma problematização que uma 'solução'.
Para isso, farei uma pequena série de postagens, primeiramente expositivas, dos pontos de vista de autores perenialistas, e, posteriormente seguir-se-á análise crítica. Escolhi 4 desses autores, que são os principais e mais conhecidos perenialistas: Evola, Schuon, Kumârasvâmî e Guénon. A proposta é fornecer suficientes citações de seus livros, e se possível, também correspondências. Posteriormente vou contrapor a visão desses autores com comentários ortodoxos do Dharma e tentar mostrar os pontos consoantes e conflitantes e, se possível, fazer alguma reflexão pessoal sobre o tema.
A questões são: o que realmente defendem os perenialistas sobre isso, e quais são as posições mais aceitas nas ortodoxias, seja do vedânta, do tantrismo ou budismo?
Portanto, vou tentar, não resolver o assunto (uma vez que a questão em si, como veremos, é extremamente complexa, nebulosa e cheia de penumbras), mas apenas fazer uma exposição boa, em português (vou traduzir todas as citações), e que ofereça dados para a reflexão justa e honesta sobre o assunto, ou seja, será mais uma problematização que uma 'solução'.
Para isso, farei uma pequena série de postagens, primeiramente expositivas, dos pontos de vista de autores perenialistas, e, posteriormente seguir-se-á análise crítica. Escolhi 4 desses autores, que são os principais e mais conhecidos perenialistas: Evola, Schuon, Kumârasvâmî e Guénon. A proposta é fornecer suficientes citações de seus livros, e se possível, também correspondências. Posteriormente vou contrapor a visão desses autores com comentários ortodoxos do Dharma e tentar mostrar os pontos consoantes e conflitantes e, se possível, fazer alguma reflexão pessoal sobre o tema.
Para quem não tem familiaridade com as discussões, basta notar que o ponto de vista perenialista é o de uma rigorosa e inapelável rejeição à ideia de 'reencarnação' tal qual entendida por teósofos e espíritas ocidentais. Segundo os perenialistas, tanto as doutrinas orientais como as ocidentais antigas, conhecidas por 'metempsicose' e de 'transmigração', são absolutamente diferentes das doutrinas modernas e que, em essência, ou 'metafisicamente', essas doutrinas antigas não são conflitantes com as doutrinas soteriológicas das tradições semíticas. Essa posição os indispõem duplamente com ocultistas e espíritas, que, por exemplo, consideram a reencarnação como 'dogma', como com as ortodoxias das religiões que não reconhecem ou aceitam a validade nem da reencarnação, nem da metempsicose, nem da transmigração.
Há um terceiro aspecto, que é um aspecto novo que será sugerido aqui, que é a dificuldade de encaixar também as doutrinas perenialistas nas ortodoxias das tradições orientais, e até mesmo, talvez, encaixar as doutrinas dos autores perenialistas umas com as outras. Acho que daria inclusive para dizer que a rejeição à 'reencarnação' chega por diferentes vias a cada um desses autores e que entre a visão de cada um deles há diferenças, senão fundamentais, pelo menos significativas, o que mostra, no mínimo, que o tema do post-mortem e do mundo intermediário é, em si mesmo, por demais espinhoso para ser abraçado e resolvido em quaisquer esquemas conceituais.
Não tirarei nenhuma conclusão que extrapole a proposta do tema: coisas como os motivos ulteriores, as agendas políticas, históricas, pessoais, as funções supostamente subterrâneas do perenialismo, ou coisas assim do tipo jornalístico. Para iniciar a série, a próxima postagem trará uma exposição sucinta com o ponto de vista do autor italiano Julius Evola sobre o tema.
Não tirarei nenhuma conclusão que extrapole a proposta do tema: coisas como os motivos ulteriores, as agendas políticas, históricas, pessoais, as funções supostamente subterrâneas do perenialismo, ou coisas assim do tipo jornalístico. Para iniciar a série, a próxima postagem trará uma exposição sucinta com o ponto de vista do autor italiano Julius Evola sobre o tema.