Dadarchi Bhavani (Mumbai) |
(Adi Shankârâcharya)
Nem pai, nem família, nem mecenas, nem mãe
Nem criado, marido, nem filho ou filha
Nem esposa, sabedoria, profissão:
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
No oceano infinito da existência,
Temendo o grande mal -- bêbado, caído,
Lascivo, egoísta, amarrado no samsâra:
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Não conheço meditação, nem caridade,
Desconheço o tantra, desconheço mantra,
Não sei práticas de yoga, nem rituais,
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Desconheço, ó Mãe, peregrinação, virtude,
Caminho da libertação, não me concentro,
Desconheço devoção, ou votos sagrados,
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Pelo mal eu agi, andei, pensei, servi
Destruí a tradição, com conduta infame,
Tive malícia no olhar e falei o mal,
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Lembrei-me de Brahma, Rama, Shiva e Indra,
E às vezes de Surya, o Sol, Chandra, a Lua,
Mas não conheço outros deuses senão a Ti:
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Conflitos, descuido, viagem, desespero,
Entre inimigos, n'água, no fogo, em montanhas
Na floresta, levanto meus olhos a Ti:
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
Indefeso, pobre, na velhice, em doença,
Pálido rosto, grande miséria, fraqueza,
Eu, demolido, atolado, perdido, sempre...
Tu és o meu único refúgio, ó Bhavâni.
(Versão: Giuliano Morais)